Mulheres que amam demais…

Qualquer forma de amar vale à pena?

Tendemos a acreditar que o sofrimento é um sinal de amor verdadeiro, que se recusar a sofrer por amor é egoísmo e, que se um homem tem um problema, a mulher deveria então ajudá-lo a mudar. Essa é uma das crenças que ajudam a criar os sintomas de “mulheres que amam demais”, o vício de amar.

Quando amar significa sofrer, não é amor, é dor. E dor é sinal de que algo está mal ou doente e precisa ser tratado, cuidado.

Isto não pode ser feito pelo parceiro, não adianta querer que ele faça os curativos amando incondicionalmente e que a proteja de dores passadas e futuras.

Quando atribuímos ao outro o poder de nos fazer felizes é porque temos dificuldade de gostar de nós mesmos, é falta de auto-estima de auto-valorização. Enfim é falta de amor próprio, e amor próprio não diz respeito ao outro, mas a nós mesmos. Antes de ser uma dificuldade de relacionar-se com o outro, é uma dificuldade de relacionar-se consigo mesma.

Uma pessoa que não se ama, como pode conseguir acreditar que outro poderia amá-la, parece difícil, não?

Não se sentir digna de amor e incapaz de cuidar de si mesma gera uma imensa necessidade de ser amada para cobrir esse vazio e um grande medo de ser rejeitada e abandonada. Essa é uma crença bastante limitante e, portanto um caminho estreito em direção ao sofrimento.

Essa postura mental certamente é refletida a nível comportamental passando uma mensagem inconsciente que atrairá homens inadequados e inacessíveis para cumprir a auto-profecia criada pela crença de que será abandonada por não merecer amor.

Uma pessoa com esse padrão mental conseguirá somente relacionamentos difíceis e sofridos, o que não é nada sadio. Mas apesar de sofrer, essa pessoa não quer sentir a dor do abandono e quer acreditar que a força do seu amor ou do seu sofrimento poderá mudar o comportamento do outro e obter o amor que deseja. Assim se esforça e “ama” cada vez mais e mais.

É assim que o amor se torna um vício onde a mulher se sente dependente deste homem. A função do vício de uma forma geral é anestesiar a dor de uma realidade intolerável. No caso do vício de amar, a euforia da paixão e até mesmo o sofrimento anestesia a dor maior de não se amar e de não se sentir capaz de cuidar de si mesma.

Esse tipo de relacionamento é baseado em intensidades positivas e negativas. Momentos de prazer vão ficando cada vez mais escassos e até inexistentes.

A mulher que ama demais geralmente experimenta sentimentos obsessivos e compulsórios, pensando e se comportando impulsionada por emoções de medo, raiva, ódio, ciúmes, luxúria e paixão.

As pessoas que sofrem destes sintomas geralmente foram crianças tristes com forte sentimento de perda por causa de uma dor infantil (real ou imaginária) de abandono e pelo sentimento de não poder ser capaz de ser feliz sem alguém para apoiá-las.

Assim como acontece nos contos de fadas onde o final é “viveram felizes para sempre”, a mulher pode colocar no outro todas as suas esperanças e o poder de salvá-la de uma vida de sofrimento e abandono. Isto é uma ilusão e como tal certamente levará à desilusão.

Com a necessidade de ligar-se a alguém, pertencer a alguém, preencher o vazio e desfazer o sentimento de inadequação e deslocamento, a mulher imaginará esse homem com a força e poder necessários para tanto e vai cobrar dele esse comportamento, o que poderá fazer com que ele se afaste se ele não for tão poderoso, o que nunca o será.

Os sentimentos infantis de abandono são ativados juntamente com as emoções adultas despertadas pela perda recente desse homem. Essa combinação é massacrante e provoca uma dor intensa e ela será capaz provavelmente de fazer qualquer coisa para se livrar desta dor, tentando trazê-lo de volta ou negando o abandono com justificativas ilusórias.

Sair sozinha desse círculo vicioso é quase impossível, é necessário ajuda de uma terapia com profissional especializado.

O primeiro passo é o reconhecimento e o caminho para resgatar o poder pessoal é o autoconhecimento.

Crenças e valores funcionam em um nível diferente da realidade e por isso difíceis de mudar com regras de pensamento lógico e racional.

Quanto menos nos conhecemos mais aumenta a chance de acharmos que somos errados enquanto pessoa.

Através do autoconhecimento, é possível aprender a arte de acreditar que podemos ser felizes e aumentarmos nosso potencial para tanto. Podemos Reconhecer em nós crenças e talentos fortalecedores e transformar as crenças que nos limitavam criando assim condições para sermos verdadeiramente felizes e conseqüentemente nos relacionarmos mais saudavelmente.

Ser feliz no amor é possível. Para isso é preciso amar o outro. Para amar o outro é preciso amar a si mesmo. Para se amar, é preciso se respeitar. Para se respeitar é preciso se aceitar. Para se aceitar é preciso se conhecer.

Tags: No tags

Add a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *